Não entendo
como democracia o desrespeito às autoridades constituídas através do voto. Não
creio ser legitima a desordem, o vandalismo e a agressão a guardas civis e a
policiais.
Há fatos
significativamente contraditórios, dentro destas manifestações, ditas como
pacificas, ocorridas na Capital paulista. Note-se que existe uma aversão a
qualquer manifestação partidária, mesmo a dos chamados de extrema esquerda.
Tal atitude a
vista de estouvados pode parecer salutar, contudo ou é ingênua ou camufla uma
agressão à democracia, posto que no sistema democrático a maneira de se ocupar
o poder político é justamente através do partido politico. Existe um perigo
significativo em movimentos que querem representar a população, contudo
ojerizam e discriminam a representação partidária e por conseguinte não
reconhecem as autoridades eleitas e desrespeitam as instituições.
Importante
ressaltar que existe ainda contradição nos discursos da liderança do Movimento
Passe Livre, pois oscila entre a defesa do movimento pacifico, a condenação
a violência e a compreensão dos atos de vandalismo como sendo
manifestação da revolta popular.
Fato é que
enquanto alguns incautos fantasiam que o vandalismo se deu por uma orquestração
daqueles que são contrários ao movimento, num verdadeiro delírio conspiratório,
creio que os vândalos são o atrativo para os holofotes midiáticos. É a tal da
audiência, do IBOPE.
Esta
estratégia somada a conveniente parceria com os apresentadores dos telejornais
e programas ditos policiais, que diuturnamente propagam um besteirol, tentando
desvincular os atos de vandalismo do chamado movimento pacifico, alcançam a
formula perfeita, pois ao mesmo tempo que a liderança do movimento “não quer o
vandalismo” , se beneficia deste e por este não é responsabilizada.
Há ainda, não
se sabe com qual objetivo, um esforço descomunal por parte dos famigerados
apresentadores televisivos, de falar que além dos R$ 0,20 (vinte centavos)
há questões relativas a saúde, educação, gastos públicos, à corrupção e até a
copa do mundo, entre as reinvindicações dos manifestantes, tudo para
agregar conteúdo a uma militância equivocada, desproporcional e por vezes
baderneira.
Por mais
bitolada que possa ser a liderança que faz um discurso que com o dinheiro de
estádios poderia se construir hospitais, creio que esta tem a mínima noção de
que as questões politicas e orçamentarias inviabilizam a conjectura de tal
barganha. Nesse prisma retornamos para a questão da ingenuidade extrema ou da
má fé.
É trágica, ao
mesmo tempo em que cômica, a situação de governantes que em outros tempos
patrocinaram este tipo de movimento/baderna, e sentem-se constrangidos e
engessados quanto a atitudes a serem tomadas, pois já pensam nas próximas
eleições.
Nem de longe penso que os fins justificam os meios. A
sociedade brasileira, como um todo, passa por um momento estranho em que
supostos objetivos “do bem”, podem justificar, mentiras, manipulação de
informações, e até desrespeito à Constituição e as autoridades, evoluindo para
depredação, quebradeira, saques e agressões a policiais.
Não me iludo,
esta avalanche que busca justificar-se e se esconde atrás do estandarte dos R$
0,20 (vinte centavos), ao contrário de ser uma atitude democrática é uma
afronta a democracia.
Não questiono a amplitude e
alcance do direito de manifestação, amparado constitucionalmente, ao contrário
defendo que a Constituição Federal deve ser respeitada num todo, não podendo
que sob o fundamento de fazer valer um direito, se afronte cláusulas
constitucionais fundamentais dentro de um estado democrático de direito.